Essa imagem retrata uma cena ocorrida na Holanda em 1569, em que Dirk
Willems estende a mão para ajudar a outro homem que havia caído num
buraco no gelo. Dirk fazia parte de um movimento cristão chamado
anabatista, que na época era condenado tanto pelo catolicismo quanto
pelo protestantismo oficial, e por isso foi preso. Conseguiu escapar da
prisão, mas foi perseguido por um guarda. Durante a perseguição,
atravessou um lago cuja superfície estava congelada. Mas o guarda, ao persegui-lo,
acabou abrindo uma fenda no gelo e afundando no buraco. Em vez de
continuar a fuga, Dirk voltou e ajudou o guarda que pedia socorro,
salvando sua vida. A história não teve final feliz para Dirk: foi
recapturado, e morto numa fogueira.
Costumamos agir conforme achamos que as pessoas merecem. Até aceitamos
fazer o bem a um desconhecido desde que isso não nos cause grande
prejuízo. Mas a atitude desse homem, salvando a vida de quem o perseguia
e colocando a sua própria em risco, foge completamente aos nossos
padrões. Mas esse comportamento não deveria ser estranho para quem se
diz cristão. Foi o próprio Jesus Cristo quem disse "amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem" (Mt 5.44) e "tudo quanto, pois,
quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles" (Mt
7.12).
Isso pode parecer loucura. Somos rápidos a abraçar a fé apenas como um conforto diante das dificuldades, nunca como prejuízo. Mas o próprio Cristo afirma: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24). Não se trata de cultuar o sofrimento, mas de não colocar o próprio bem estar acima da causa do Reino de Deus. A religião como objeto de consumo não exige nada de nós, a não ser o pagamento por seus serviços. Ser discípulo de Cristo, entretanto, exige renúncia. Confesso que às vezes me pego oscilando entre esses dois tipos de cristianismo. Quem sabe seja assim com todo o mundo que se diz cristão. Que Deus desperte em nós o ser mais discípulo de Cristo, e menos mero consumidor de espiritualidade. Saibamos que não é sobre nós, que não estamos no centro de tudo, e que existem coisas mais importantes do que nossos interesses particulares.
Isso pode parecer loucura. Somos rápidos a abraçar a fé apenas como um conforto diante das dificuldades, nunca como prejuízo. Mas o próprio Cristo afirma: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24). Não se trata de cultuar o sofrimento, mas de não colocar o próprio bem estar acima da causa do Reino de Deus. A religião como objeto de consumo não exige nada de nós, a não ser o pagamento por seus serviços. Ser discípulo de Cristo, entretanto, exige renúncia. Confesso que às vezes me pego oscilando entre esses dois tipos de cristianismo. Quem sabe seja assim com todo o mundo que se diz cristão. Que Deus desperte em nós o ser mais discípulo de Cristo, e menos mero consumidor de espiritualidade. Saibamos que não é sobre nós, que não estamos no centro de tudo, e que existem coisas mais importantes do que nossos interesses particulares.