O
ser humano sempre se perguntou se há vida após a morte. Mais do que
isso, diversas filosofias e religiões especularam sobre o porquê da
existência da morte e sobre o que acontece quando alguém morre. A
fé cristã, baseada nas Escrituras, aponta para uma esperança que
vai além da vida que vivemos agora. No entanto, ela também nos fala
sobre a seriedade da morte.
Na
narrativa bíblica, a morte entra na história do ser humano por
causa da desobediência do primeiro casal, Adão
e Eva (Gn 3). Desde então,
ela vem sendo transmitida hereditariamente a cada geração. O ditado
popular diz que a maior certeza que temos é a morte. Toda pessoa que
nasce, já tem uma sentença de morte. Apesar de nossa curiosidade
sobre o que acontece depois da morte, outro ditado popular diz que
não temos como saber porque "ninguém jamais voltou do outro
lado". Será?
A
pergunta sobre o significado da morte e sobre a vida após a morte
depende da visão de mundo que temos: qual é a natureza do ser
humano e de nossa vida? Para a fé cristã, a vida não é
simplesmente obra do acaso. Ela é uma dádiva de Deus. E dentre
todos os seres vivos, os seres humanos foram criados à imagem e
semelhança de Deus (Gn 1.27), com a tarefa de povoar a Terra, cuidar
e cultivar a criação. Isso mostra que o ser humano não tem uma
essência eterna. Mas Deus, por sua bondade e misericórdia, lhe
preserva a vida por determinado tempo. A narrativa da criação em
Gênesis ensina que havia uma árvore da vida plantada no jardim onde
Adão e Eva viviam, mas após a sua desobediência, o ser humano
perdeu acesso a essa árvore e a morte se tornou uma constante em
nossa história (Gn 3.24).
No
entanto, a Bíblia fala de um ser humano que voltou da morte, para
viver um tipo de vida totalmente diferente: Jesus Cristo! Mesmo entre
os historiadores mais céticos, há pouca dúvida de que o homem
chamado Jesus foi morto por crucificação em Jerusalém no século
1. No entanto, isso não
explica porque, ainda assim, seus seguidores levaram sua mensagem
adiante, muitas vezes colocando suas próprias vidas em risco.
Os quatro evangelhos e o apóstolo Paulo mencionam muitas testemunhas que viram Jesus Cristo ressuscitado. O apóstolo Paulo chega a mencionar mais de 500 pessoas (em 1ª Co 15.3-8), muitas das quais ainda estavam vivas na época de seu escrito, e que viram Cristo ressuscitado. Numa época em que o cristianismo era perseguido, tanto pelos judeus quanto pelo Império Romano, é difícil imaginar que tantas pessoas tivessem colocado suas vidas em risco se não tivessem a convicção de que Cristo realmente ressuscitou e estava vivo!
Os quatro evangelhos e o apóstolo Paulo mencionam muitas testemunhas que viram Jesus Cristo ressuscitado. O apóstolo Paulo chega a mencionar mais de 500 pessoas (em 1ª Co 15.3-8), muitas das quais ainda estavam vivas na época de seu escrito, e que viram Cristo ressuscitado. Numa época em que o cristianismo era perseguido, tanto pelos judeus quanto pelo Império Romano, é difícil imaginar que tantas pessoas tivessem colocado suas vidas em risco se não tivessem a convicção de que Cristo realmente ressuscitou e estava vivo!
A
ressurreição de Cristo foi física, corpórea. Por esse motivo, seu
túmulo foi encontrado vazio. Os discípulos não viram apenas um
fantasma, mas viram Cristo ressuscitado. O capítulo 21 do evangelho
de João narra inclusive uma refeição que Jesus ressuscitado teve
com os discípulos. No entanto, o corpo de Jesus ressurreto não era
exatamente da mesma natureza que antes da ressurreição. Ele não
tinha limitações físicas. O evangelho de João também narra que
Cristo apareceu no meio dos discípulos em uma reunião em que
estavam a portas fechadas (Jo 20.19). As narrativas da ressurreição
mostram que os discípulos muitas vezes tinham até certa dificuldade
de reconhecê-lo.
A
fé na ressurreição de Cristo não é algo apenas opcional no
cristianismo. Como o apóstolo Paulo afirma, se Cristo não
ressuscitou verdadeiramente, então nossa fé é vã (1 Co 15.14). No
capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios, Paulo discorre sobre
muitas controvérsias e dúvidas que as pessoas tinham a respeito do
tema da ressurreição. Ele afirma que Cristo foi o primeiro
a ressuscitar, mas que em sua volta ressuscitará todos os mortos.
Paulo usa a metáfora da semente para explicar como serão nossos
corpos ressurretos: assim como a semente é diferente da planta
crescida, nosso corpo atual é diferente do corpo que teremos na
ressurreição (1ª Co 15.35-44). Trata-se de algo difícil de
compreender, mas para a fé é suficiente saber que nossa esperança
não se limita só a essa vida. Jesus
Cristo afirmou: "Porquanto
a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o
Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no
último dia." (Jo
6.40).
Existe
comunicação entre os mortos e os vivos?
Não.
Em Ec 9.5-6, afirma-se que os mortos não têm conhecimento e nem
participação no que acontece entre os vivos. A Bíblia também
proíbe definitivamente consultar a médiuns, ou seja, pessoas que
dizem se comunicar com mortos (Dt 18.10-12). Algumas pessoas alegam
que ao conversar com médiuns ou mesmo receberem cartas supostamente
ditadas por entes queridos falecidos (psicografia), receberam
mensagens que só poderiam mesmo provir da pessoa morta. Mas isso é
um engano. Quem já caiu no golpe do "falso sequestro" por
telefone sabe como os golpistas, que se fazem passar por um ente
querido, são capazes de mencionar informações que aparentemente só
aquela pessoa poderia ter. Mas isso acontece porque, mesmo sem
perceber, ao conversar com essa pessoa acabamos transmitindo
insconscientemente algumas informações. Outras são tão genéricas
que poderiam se aplicar a qualquer pessoa.
E
quanto à reencarnação? Uma alma pode voltar em um corpo diferente?
A
Bíblia nega que uma alma possa reencarnar em um corpo diferente.
Cada pessoa morre apenas uma vez (Hb 9.27). O ser humano não tem uma
alma que possa ser separada de seu corpo. A palavra alma é usada na
Bíblia para designar o ser humano como um todo: seu corpo, mente,
personalidade, etc. (Gn 2.7). E o espírito é o fôlego de vida que
existe no ser humano. A
crença na reencarnação provém de antigas religiões gregas e
orientais, e por esse motivo, foi muito difundida em nossa cultura.
Mas ela não tem sustentação em nenhuma parte da Bíblia, nem nos
ensinamentos de Jesus Cristo.
O que acontece com a pessoa no
período após a morte e antes da ressurreição?
A
Bíblia fala muito pouco a respeito do estado das pessoas entre a
morte e a ressurreição. Descreve-se metaforicamente a situação da
pessoa morta como um adormecer (Lc 8.52; 1ª Co 15.6). Por outro
lado, afirma-se que a pessoa que morre na fé em Cristo já está na
presença dele (2ª Co 5.6). Isso acontece porque para Deus (Sl 90.4;
2ª Pe 3.8) e para a pessoa falecida, a passagem cronológica do
tempo como o sentimos é irrelevante. Por isso, podemos afirmar que a
pessoa morta já está na presença de Deus, ainda que de nosso ponto
de vista, ela esteja aguardando a ressurreição no dia final e não
haja nenhuma comunicação entre nós e ela. Essa situação é
difícil de ser compreendida, mas o que fica muito claro na Bíblia é
que não existem "almas penadas", ou seja, pessoas
desencarnadas habitando nosso mundo e se comunicando conosco.
E
quanto ao purgatório?
A Bíblia fala de apenas dois
destinos para o ser humano: a eterna comunhão com Deus ou a eterna
separação de Deus. Pelo pecado, todos os seres humanos estão
separados de Deus (Rm 3.23). Mas pela graça e bondade de Deus, a
salvação é ofertada a todos, por Jesus Cristo. A fé, que é um
dom de Deus e não um mérito da pessoa, é o meio pelo qual Deus
salva as pessoas. Portanto, a salvação não pode ser atingida por
boas obras ou por "evolução espiritual". A crença no
purgatório, um estado intermediário em que a alma paga por seus
pecados antes de poder entrar no céu, não tem sustentação na
Bíblia. Além disso, ela é incompatível com a graça de Deus, pois
Jesus Cristo oferece perdão gratuito, mediante arrependimento e fé,
e não por castigo.
Como
devemos nos consolar a respeito de nossos entes queridos que já
morreram?
Confiar
na justiça e misericórdia de Deus. Guardar a sua memória,
especialmente das coisas boas que vivemos juntos, sendo
gratos a Deus pelo tempo que tivemos com a pessoa.
Perdoar eventuais mágoas e
desentendimentos. Se fizemos algum mal a pessoa, pedir perdão a Deus
e não ficar carregando a culpa. Crer
que a morte, apesar de ser algo doloroso e que traz sofrimento e
separação, foi enfrentada pelo próprio Deus na pessoa de Jesus
Cristo. E lembrar que, segundo a Bíblia, nem mesmo a morte pode nos
separar do amor de Deus (Rm 8.38-39).
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